Cientistas alteram a genética do milho e deixam ele mais resistente a secas e altas temperaturas
09/01/2025
O g1 foi até Campinas (SP) conhecer a pesquisa. Na fase de testes, alimento tem a cor roxa, que destaca se a mudança do DNA aconteceu ou não. Prato do Futuro: pesquisa cria milho mais resistente ao calor
Já pensou que uma bactéria poderia salvar a sua pipoquinha? Uma pesquisa tem usado a chamada agrobacterium para transformar o DNA do milho e tornar ele mais resistente às altas temperaturas e às secas causadas pelas mudanças climáticas.
O estudo de edição gênica do milho é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e, neste episódio da série Prato do Futuro, o g1 foi até a unidade em Campinas (SP) para entender como ele funciona. Confira no vídeo acima.
A pesquisa promete fazer o milho tolerar até 2°C acima da sua temperatura ideal, que é entre 28°C e 30°C. Além disso, a planta precisaria de menos água, apenas 20% de sua quantidade ideal de antes da alteração.
Com isso, o cultivo poderia acompanhar a elevação da temperatura do planeta, que já é de 1°C comparado a níveis pré-industriais e deve subir ainda mais, chegando a 1,5°C entre 2030 e 2050, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).
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Por causa do aquecimento do planeta, 8% da flora do planeta pode desaparecer das suas áreas tradicionais, afirma o relatório do IPCC.
Os resultados demonstram que as plantas modificadas tiveram um aumento de 10% da produção.
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, representando cerca de 11,7% do fornecimento mundial. O país fica atrás dos Estados Unidos (30,3%) e da China (24,1%).
Nas últimas duas décadas, a produção brasileira de milho teve um crescimento contínuo de 5,2% ao ano, mostra um estudo do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais.
Para a safra 2024/2025, a área, que está em fase de plantio, deve se manter estável, em torno de 21 milhões de hectares, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Com a expectativa de recuperação na produtividade, a safra deve chegar a 119,8 milhões de toneladas.
Como uma bactéria pode alterar a genética?
Na pesquisa, os cientistas utilizam a agrobacterium para editar a genética do milho. Essa bactéria auxilia na inserção de características que podem reprimir ou ressaltar alguma parte do DNA das plantas, neste caso, resistir ao calor e à seca.
Para isso dar certo, a equipe usa um mapa da sequência de DNA completa do milho, ou seja, seu genoma.
Na natureza, esse micro-organismo é considerado uma praga do milharal, podendo causar tumores nos pés. Mas, no laboratório, a parte do DNA da bactéria que causa a doença é removida antes de ter contato com as células do milho.
E não precisa se preocupar, a inserção da bactéria no milho não faz mal para quem for consumir.
Qualquer alimento que teve seu genoma mapeado pode passar pela edição gênica, com a possibilidade de obter benefícios semelhantes aos observados na pesquisa com o milho.
Bactéria é inserida nos embriões do milho.
Rafael Leal / g1
Por que fazer o milho ficar roxo ajuda na pesquisa?
Para descobrir se o gene que foi alterado se desenvolveu, os pesquisadores inserem junto da agrobacterium um marcador genético, que tem a capacidade de mudar a cor dos grãos.
Assim, durante a fase de embrião, é possível ver a coloração por microscópio. Quando o milho se desenvolve, toda a espiga assume a cor.
Mas, quando o estudo for finalizado e a nova variedade for ser comercializada, esse marcador não será mais inserido. Portanto, o milho vai continuar sendo amarelo.
Alteração da coloração do milho pode ser vista por microscópio.
Rafael Leal / g1
Pronto para o mundo
Ao longo do seu desenvolvimento, a planta passa por diversos ambientes. Em sua fase mais jovem, ainda vive em meio de temperatura ideal, na sala de aclimatação, até ir para uma estufa com clima extremo.
Usando uma luz que replica as ondas solares, climas diferentes são testados, bem como a quantidade de água fornecida varia.
Os pesquisadores observam como a planta se comporta e se ela vai entrar em estresse térmico, quando não consegue mais realizar a fotossíntese corretamente. Assim, é possível entender se o experimento funcionou ou não.
As plantas que se mostram resistentes têm sua genética replicada por meio de polinização.
Os testes também incluem o plantio em lavoura, para ver se o milharal sobrevive no mundo real.
Luz rosa imita radiação solar para desenvolvimento da planta em estufas.
Rafael Leal / g1
Milho roxo com genética modificada para alta tolerância a seca e calor
Reprodução / g1
Coleta de embrião para alteração genética do milho
Reprodução / g1
Créditos deste episódio da série 'PF: prato do futuro'
Coordenação editorial: Luciana de Oliveira
Edição e finalização de vídeos: Marih Oliveira
Narração: Vivian Souza
Reportagem: Vivian Souza
Produção: Vivian Souza
Roteiro: Vivian Souza
Coordenação de vídeo: Tatiana Caldas e Mariana Mendicelli
Coordenação de arte: Guilherme Gomes
Direção de arte e ilustrações: Luisa Rivas e Verônica Medeiros
Fotografia: Rafael Leal
Motion Design: Verônica Medeiros e Thalita Ferraz
Ilustrações: Bruna Rocha, Maria Laura Silva, Luisa Rivas e Thalita Ferraz
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